quarta-feira, 2 de maio de 2012

Quantos quilos você tem?

<img src="Quantos quilos você tem?.jpg" alt="Quantos quilos você tem?">
  
Quero ser gordona
Ter uns 15 filhos
Amamentar todos eles
Ficar com os peitos caídos
Fazer muita comida
Escutar gritaria
Apartar muitas brigas
Colocar de castigo
Estudar para as provas
Levar todos à escola
Orar antes de dormir
E alguns anos depois
Receber muitos beijos
Abraços aos montes
Almoços de domingo
Muita gente à mesa
Os netinhos chegando
Pulando
Brincando com meus pneus
O que está lá fora
Pendurado na árvore
Eles vão adorar
Balançar todo o tempo
E assim
Com a casa tão cheia
De gente, de amor
Nem vou me lembrar
A resposta não vou saber dizer
Se você perguntar
Quantos quilos você tem?
By Keila Parente ®

Um comentário:

  1. As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental. É preciso que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso (ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).

    Não há meio-termo possível. É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que súbito Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora. É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso que tudo seja belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas

    Lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.

    É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente.

    Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes. Indispensável que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteie em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.

    Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal! Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem no entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)

    Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.

    Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos ao abri-los ela não mais estará presente com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida.

    Oh, sobretudo que ele não perca nunca, não importa em que mundo, não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero; e em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

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